Reciprocidade (II)


Enquanto isso rapazes que a viam em pleno estado de enamoramento jogavam seus xavecos e piscadelas, mas ela não desviava a atenção, seus olhos já tinham dono, seus beijos já tinham morada, e por mais que seu coração ainda voasse alto, um dia ainda encontraria o peito dele e o faria muito feliz... E era por isso que ela permanecia ali, esperando...

A noite já se fazia notar e tudo que ela queria era secar o rosto já cansado de chorar... Havia dias em que as lágrimas insistiam em cair, mas ela não dividia essa mágoa com ninguém e fazia questão de sempre se mostrar forte, feliz e paciente...

Mas forte mesmo é aquele que decide dividir seu pranto com o mundo, forte é aquele que não se envergonha de secar as lágrimas no ombro de um amigo... Ora, ela não era forte, e estaria longe de ser... Era fraca, triste, impaciente e teimosa... mas se achava vitoriosa por carregar sozinha o fardo de tantas mágoas que já havia passado. Ela, tão jovem, mas com uma bagagem consideravelmente grande de decepções, tristezas e sentimento de abandono...

E já não se contentava mais em viver só de migalhas, ela queria o todo, se doava por inteiro e esperava ser amada por inteiro, (dizem que quem doa não espera nada em troca, mas se tratando de amor não tem sentido, não mesmo!), e ela admitia isso o tempo todo, se declarava, escrevia textos e poesias e continuava esperando alguma manifestação de afeto por parte dele...

Fato é que, mesmo rodeada por inúmeras pessoas ela se sentia sozinha, como se gritasse o mais alto que sua voz pudesse alcançar, mas ninguém notasse. E as lágrimas insistiam em cair, uma a uma, lavando seu rosto e trazendo a tona recordações que por hora eram boas e a fazia sorrir, um sorriso que logo se esvaia e dava lugar novamente às lágrimas... E ainda segurando a cabeça com uma das mãos, ela apenas esperava...

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Volver al inicio Volver arriba O tempo passou na janela, e só Carolina não viu.... Theme ligneous by pure-essence.net. Bloggerized by Chica Blogger.